Ágape e liberdade: fundamentos para uma espiritualidade laica e enfraquecida é um livro que lança luz à questão da espiritualidade. Esta obra destina-se àqueles que se interessam em investigar filosoficamente o papel da espiritualidade na vida humana. Não se trata de um livro de autoajuda, mas de um livro reflexivo que apontará para os contornos e as possibilidades de experiências espirituais fora do âmbito institucional-religioso. Partindo da concepção de Luc Ferry para quem a contemporaneidade se caracteriza fundamentalmente como a era do amor, compreenderemos, a partir desta leitura, que a secularização e o processo de desconstrução acontecidos na filosofia não legaram à humanidade uma sociedade sem fundamentos, nem mesmo um pessimismo niilista. Ao contrário, o que vemos é uma divinização do humano, por meio da valorização do outro como aquele que nos permite a saída de nós mesmos e, assim, a ultrapassar os limites subjetivistas ao expandir nosso pensamento. Essa divinização é um resultado claro da valorização da liberdade, sendo esta a centelha divina no humano. Afinal, a liberdade é caracteristicamente o que desloca o ser humano para além de todos os determinismos, permitindo, assim, fazer-se a si mesmo. Nesse sentido, o que vemos é um rompimento, segundo Ferry, com todas as formas tradicionais de pensamento e uma superação do religioso e suas seduções. O homem-Deus é, portanto, o grande responsável por todo o processo de secularização: tanto da moral e do amor quanto da própria espiritualidade. Nesse contexto, torna-se visível uma espiritualidade que, aparentemente laica, porque é pautada no ágape secularizado, apresenta-se, antes de tudo, como uma espiritualidade cristã enfraquecida, que não consegue desvencilhar-se, em suas próprias bases, da influência do amor cristão.