Este é um livro¹ de partidas... No afago dos dias chuvosos, olhos frágeis dissecam mistérios dos tempos. A partida do poeta é o pingo – da chuva ou da letra –, a morte repentina do ente amado ou as coisas de Minas que acalentam memória e paladar, olfato e milhares de abrasadoras sinuosidades do pensamento. Não se perdoa tão fácil a partida que represente o fim, contudo. Mas a morte tem dolorosa poesia em suas tramas maculadas pela árdua trilha das lágrimas vertidas. Nesses momentos quase nada consola a despedida dos olhos vazios e do inclemente semáforo para uma também vazia e inclemente morada sob terra e remorso, exceto talvez um arroubo de esperança: no aqui, no agora. (Natália Sartor de Moraes) ¹ Premiado no Edital da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural da Prefeitura de Borda da Mata/MG.