O sofrimento mental relacionado ao trabalho é um campo de estudos relativamente novo, que vem ganhando cada vez mais importância em virtude das sérias repercussões que o adoecimento mental mediatizado pelos processos laborativos traz para as sociedades. No caso específico dos trabalhadores do Poder Judiciário, tal condição ganha importância cada vez maior, visto que as psicopatologias se constituem na principal causa de afastamento neste grupo de trabalhadores, repercutindo negativamente na prestação jurisdicional. Neste estudo, investigaram-se os efeitos da adoção de tecnologias de informação e comunicação sobre a saúde mental nos trabalhadores de uma instituição do Poder Judiciário no Estado do Paraná. O fio condutor desta investigação foi traçado pelos pressupostos da Psicodinâmica do Trabalho, proposta por Christophe Dejours, em sua interface com as relações de trabalho na atual sociedade capitalista. A pesquisa forneceu elementos de análise dos processos de sofrimento mental relacionado ao trabalho nesta categoria de profissionais, sinalizando que a maneira como são adotadas novas tecnologias e as consequentes modificações nos processos de trabalho guardam relação com o adoecimento mental dos servidores da instituição analisada. Compreender e intervir neste fenômeno faz-se imperioso, pois na época atual, o homem que trabalha sofre, nas palavras do jurista e sociólogo francês Jacques Ellul, um processo de "esmagamento psíquico" e submissão à técnica além de suas forças.