A pergunta é como fazer funcionar políticas públicas que nos restam em termos de inclusão de pessoas estigmatizadas como loucas, em um país onde a cada dia a desigualdade cresce e o laço social se esfacela, invisibilizando sujeitos em sofrimento. A convite da Editora Dialética, o livro traz vicissitudes do acolhimento na rede de saúde mental a partir de uma pesquisa-intervenção realizada em Porto Alegre em 2010. Uma década depois, o contexto histórico parece trazer a necessidade de rediscutir temas que pareciam superados em diversos âmbitos. Nesse caso, a retomada é da potência do acolhimento como diretriz ética, estética e política para produção de horizontalidade nas relações cotidianas.
É sobre redes possíveis de conversações que possibilitam a reinvenção de si e do outro. É sobre a esperança de que a macropolítica do SUS, que é muito mais do que uma filosofia, se possa atualizar nos encontros de abertura à alteridade e de entrelaçamento no terreno da inteligência coletiva. É sobre corresponsabilidade na produção de saúde e de subjetividade, porque os entraves no funcionamento do processo de acolhimento aparecem em momentos de ausência de operacionalidade coletiva. No fundo, é sobre a aceitação do outro como legítimo outro na relação, o que alguns chamam de ética e outros de amor.