Símbolo cultural de uma tradição histórica da das comunidades afro-brasileiras residentes na Bahia, o ofício das baianas e baianos do acarajé persiste até os dias atuais como uma rugosidade sócio-histórica de resistência e valorização das raízes africanas que influenciam a formação da sociedade baiana desde uma percepção associada a rituais religiosos e festividades até se consolidar como um saber e tradição de natureza econômica. Partindo deste relevante ofício, o presente livro aborda a popularização da culinária do acarajé como um artefato cultural, religioso e comercial no qual as baianas e baianos constroem e ressignificam a identidade e a própria cultura afro em um contexto socioespacial da Bahia que é circunscrito por oportunidades de preservação axiológica e material das tradições africanas vis-à-vis aos desafios laborais e preconceitos sociais existentes. Os debates apresentados nesta obra somente foram possíveis de estruturação em função de um colaborativo esforço articulado por quarenta e sete pesquisadoras e pesquisadores com distintas formações acadêmicas e expertises, os quais trabalharam em um projeto extensivo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) para fomentar o fortalecimento das tradições culturais baianas, por meio de uma interação social que busca romper as fronteiros dos muros acadêmicos. Fruto de um projeto de curricularização da extensão na Universidade Federal da Bahia (UFBA), intitulado "Empreendedorismo em Biotecnologia", o livro oportunizou uma ação curricular que materializa uma interação entre professores e acadêmicos com a comunidade e a sociedade baiana com o intuito de, tanto valorizar as identidades e tradições, quanto fomentar tecnologias sociais no ofício das baianas e baianos do acarajé. Ao longo de treze capítulos, este livro, intitulado "Acarajé: o ofício de baianas e baianos", propicia uma imersão a relevantes estudos de natureza teórica e empírica sobre diferentes temáticas e estudos de casos, contribuindo para uma apreensão panorâmica sobre as agendas, oportunidades e desafios enfrentados pelos sujeitos sociais que constroem a realidade do acarajé como um patrimônio imaterial da sociedade baiana. Alicerçado em estudos que combinam uma natureza empírica e teórica, o livro trata-se de uma obra indicada para estimular o leitor a reflexões e ao debate, possuindo reverberação, descritiva e prescritiva sobre o ofício das baianas e baianos do acarajé, atendendo assim aos interesses de leitura para, tanto um público geral, quanto um público de especialistas e profissionais interessados pelas tradições da sociedade baiana. Com base nas discussões apresentadas nesta obra, por meio de uma didática abordagem e uma fluida linguagem, este livro é indicado a um potencial amplo público leitor, corroborando assim para a produção de novas informações e conhecimentos humanísticos sobre o acarajé como artefato cosmológico de uma sociedade, a partir de estudos representativos sobre o ofício de baianas e baianos que moldam a própria cultura afro no estado.