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Abracadabra

Abracadabra

Sinopse

O Abracadabra é um díptico e uma autoficção de um artista que ficou preso por quinze anos numa ilha paradisíaca. A primeira parte da obra é o Abracadabra propriamente dito, cuja função é transformar pela via da palavra mágica a segunda parte, o conto ilustrado Cagada Literária: escrevendo com desgaste zero. O Cagada é um livro de merda, obviamente motivo de arrependimento para um pobre escritor. A alquimia, no entanto, reza a lenda, pode transformar merda em ouro, nigredo em albedo. É o que esperamos com esta autoficção e este encantamento. O Abracadabra passeia por diversos assuntos que foram ou são presentes na vida do autor. Modernismo, espiritismo, macumba, arqueria artesanal, pintura, autoajuda, literatura, arte naive, tropicalismo, iconoclastia, arte contemporânea, cristianismo. O Abracadabra passa por uma série de assuntos que talvez expliquem, ou ajudem a entender, a arte do Passarinho Colorido. O maldito conto ilustrado Cagada Literária vai ao final como segunda parte do díptico, coroando a autoficção com uma ficção propriamente dita mas de inspiração autobiográfica. O trecho a seguir é clímax para ambas partes do livro: Cansado de escrever, Jack então enrola os manuscritos do Cagada Literária em um grande charuto, manufaturando assim um rolo comprido e macio. Num surto niilista de autodestruição quis acender e fumar sua história até o final. Jack inclinou-se calmamente até a chama da vela com o charuto na boca. A tempestade tropical, que estava ameaçando havia um tempo, desabou sobre sua choupana. O tufão arremessou, para a surpresa de nosso personagem ficcionista, o velho telhado para longe, espatifando-o no chão. A tempestade salvou o manuscrito de Jack, a história da maior cagada de sua vida. Compreendendo o sinal, nosso adorável pirata, coach e exorcista norteamericano enfiou os originais dentro de uma garrafa vazia de rum. Com a cera ainda mole selou o translúcido veículo de sua obra. Ainda naquela noite o pior livro já escrito se perderia no breu estrelado do mar caribenho, atiçando as ardentias sob a fraca luz da lua nova. Quando o dia seguinte amanheceu, navegando a tranquila superfície do oceano atlântico já pacificado, o Cagada Literária estaria a muitos quilômetros do buraco de onde havia saído. Espero que este spoiler seja um bom teaser. Daniel Mendes, 2024