Este livro não nasceu de uma ideia clara. Nasceu de uma sensação. A impressão persistente de que existem silêncios que não são vazios. De que algumas coisas não se manifestam com violência, mas com paciência. De que o medo mais duradouro não vem do que nos ataca, e sim do que permanece. Ao longo da escrita, A Voz da Escuridão nunca foi sobre criar respostas. Foi sobre respeitar perguntas que não deveriam ser resolvidas com facilidade. O que acontece quando olhamos fundo demais? O que permanece depois que voltamos? E, principalmente, o que muda quando percebemos que certas presenças nunca precisaram ser chamadas? Os personagens deste livro não são heróis, nem vítimas completas. São pessoas comuns atravessadas por algo que não se explica em termos simples. Nenhuma decisão aqui é confortável. Nenhuma escolha é totalmente livre. E algumas consequências não existem para ensinar lições — apenas para existir. Se este livro causa desconforto, ele cumpre seu papel. Se deixa espaços em branco, eles são intencionais. Nem todo silêncio precisa ser preenchido. Nem toda escuridão quer ser iluminada. Há histórias que se encerram quando a última página termina. Outras continuam em estado latente, esperando o momento certo para responder. Esta é uma delas. Se, ao fechar o livro, algo parecer ainda próximo demais, não é coincidência. Algumas vozes não se calam quando a leitura acaba. Elas apenas aguardam.