Em A vida e o tempo em tom de conversa: crônicas de um professor de linguagem, Carlos Eduardo Falcão Uchôa, professor emérito de Linguística da Universidade Federal Fluminense, exercita sua flexibilidade linguística e seu olhar atento ao outro e ao mundo.
O autor busca, em seus relatos do trivial, fugir da sisudez característica à linguagem ensaística, atribuindo à crônica uma leveza de estilo que a liberta do peso da armadura da norma culta.
Sempre em tom de conversa, o narrador-cronista conta várias situações em que se envolveu, e as lembranças que lhe permanecem presentes no tempo da memória, como por exemplo, a comoção que o invade, ao notar um fato insignificante: a alegria nos olhos risonhos e azulzinhos de uma senhorinha ao assistir um musical; o medo contagioso das salas de espera de consultórios médicos; a impaciência com a epidemia de celulares que grassa em nossos dias; o afeto saudoso que lhe vem com a recordação da rua da infância, sintomática e lindamente chamada “rua do Aconchego”; e a lembrança do pai, se comprazendo com a paisagem humana que lhe chegava pessoalmente ou através da literatura que a retratava.
É isto que o leitor encontrará nas páginas deste livro: uma fina sensibilidade de observador que registra, com a emoção de olhos atentos, “em tom de conversa”, a realidade que o abraça. Carlos Eduardo Falcão Uchôa nos lembra, com uma pitada de humor, de que a expressão da linguagem é submissa ao tempo, às situações de vida, às emoções dos falantes e à sensibilidade do observador."