Literato, membro da Academia Brasileira de Letras e político, o maranhense Humberto de Campos (1886-1934) se tornou muito conhecido no Brasil no início do século XX em virtude de várias polêmicas que envolveram o seu nome. Descrito por alguns como "o poeta, o homem de erudição" e por outros como "o destruidor implacável, o jornalista que mata, aniquila, destrói o adversário", "imoral" e "perverso", colecionou várias inimizades na sociedade carioca dos anos 1920.
Na década de 1930, entretanto, essa imagem de polemista foi cedendo lugar a outra em que ele aparecia como um intelectual espiritualizado, preocupado em oferecer palavras de conforto para todos que sofriam, tornando-se, nesse momento, um autor cultuado, posição que continuaria ocupando mesmo depois da sua precoce morte.
O presente livro investiga justamente essa mudança na representação de Humberto de Campos, identificando como principal vetor dessa transformação o avanço da doença que o acometeu nos últimos anos de sua vida. Com isto, analisa-se um projeto consciente de reconstrução da autoimagem levado a cabo pelo autor entre os anos de 1928 e 1934 que, cada vez mais moribundo, visava, acima de tudo, a expiar os seus erros e vencer a morte, tentando se perpetuar por meio da sua literatura.