Neste título, duas narrativas expõem a vulnerabilidade de quem luta para sobreviver em meio a perdas e incertezas. Em ambas, personagens comuns enfrentam a vida com o que têm nas mãos, às vezes apenas música, sonho ou esperança, enquanto o mundo insiste em lhes cobrar mais do que podem dar.
Em "A valsa da fome", acompanhamos o pianista Hipólito depois da morte da irmã. Sem o instrumento que vendeu para pagar o funeral, passa a viver de pequenos bicos até que a fome se torna presença diária. Quando surge a chance de tocar em uma festa, ele aceita como quem se agarra à última tábua no mar. A música, porém, cobra seu preço, e o corpo frágil revela o limite entre arte e sobrevivência.
Em "O futuro presidente", uma costureira imagina para o filho um destino brilhante enquanto o observa dormir, cercado de promessas e projetos que parecem possíveis. Mas o sonho se interrompe com a notícia de que o marido perdeu o emprego, trazendo para dentro da casa o peso do amanhã incerto. Entre afeto e desamparo, o conto segue o que permanece quando a esperança encontra obstáculos reais.