Karl-Heinz morreu na Ucrânia aos 19 anos de idade combatendo por uma divisão da SS nazista, em 1943, após se alistar voluntariamente alguns anos antes. Uma vida tão curta como a do irmão mais velho de Uwe, filho exemplar da família Timm, entretanto, deixaria marcas profundas e teria um efeito duradouro.
Usando como matéria-prima um diário escrito a lápis pelo irmão no front, suas próprias lembranças e a trajetória familiar, Uwe Timm constrói um mosaico peculiar de registros documentais, memórias afetivas, sentimentos e reflexões que buscam responder suas próprias dúvidas: quem era esse irmão? Por que se alistou? Foi obrigado a matar? Realmente não tinha opção? Como se pode errar tanto assim? Por que todos fecham os olhos e se calam?
Com uma prosa envolvente e direta, sem preocupação com o embelezamento, o autor não defende teses, não aponta o dedo, não justifica escolhas: ele tão somente expõe. E o que vemos exposto é ao mesmo tempo o drama de uma família e de todas elas, um retrato testemunhal da vivência do período nazista e do pós-guerra na Alemanha.
Íntimo, sensível, corajoso, potente, este livro mostra por que Uwe Timm está entre escritores contemporâneos mais importantes da Alemanha.