O livro A sinfonia do corpo lança um novo olhar sobre o escritor que escreve como se estivesse compondo. A análise do romance pós-moderno que é constantemente referenciado pela música bachiana e que é citado diversas vezes no romance faz emergir a sinfonia, quase como uma fantasia do corpo vivenciada pelo narrador, conhecedor de Bach. O narrador possui conhecimentos musicais apurados e coloca em evidência o que conhece sobre as artes em geral. Utiliza expressões musicais, espalhando-as pelo texto literário que imita as estruturas musicais, além de inserir outras artes como o teatro e a dança, que auxiliam na força que segura o leitor diante do texto, como um expectador assistindo a uma ópera. Este livro sai a público para que os leitores interessados nestes dois universos, da música e da literatura, de modo geral, e muito particulares de Noll e de Bach, possam perceber sua sagacidade em juntar o que aparentemente não se comunica. Que a música e a literatura comunicam-se não há dúvidas, como nos mostra a introdução, devido ao fato de que muito do que a literatura é deve-se às trocas dela com a música, bem como com as letras das canções preenchidas com a poesia por meio de um contínuo temporal. Até o momento não existem pesquisas na área de literatura e música que abordem os textos de João Gilberto Noll. Uma literatura pós-moderna que busca o excesso do barroco musical para inspirar a criação literária, ao abusar do hibridismo formal de relacionar literatura e música de forma tão rica, além de mostrar que outros livros desse autor podem e devem servir de material de pesquisa no campo da literatura comparada em suas diversas formas, ampliando as pesquisas nessa área, no país.