Ao enfrentar um divórcio bem desafiante, deparei-me com um padrão de comportamento que observei em mim mesma, de uma vida inteira. Ao olhar com muita atenção para a situação, identifiquei este mesmo padrão em muitos pacientes, a ponto de achar relevante falar sobre o assunto com mais propriedade. O livro A Síndrome da Gueixa foi inspirado em minha própria vida até agora e pelo que conheci ao longo dos meus anos de clínica. Muitas gueixas e gueixos como eu me incentivaram a escrever com a sincera intenção de trazer luz e uma saída prática para nossos condicionamentos. No fim, de todas as formações e cursos que fiz na vida, sem dúvida o divórcio foi meu melhor workshop. Acho que todo mundo precisa de um coração partido, pois nos engrandece. A gueixa no contexto arquétipo é aquela que tem como prioridade de vida servir ao outro. Suas ações e escolhas não vêm do lugar da liberdade, nem da vontade própria. A intenção e motivação dela é sempre agradar o outro. Esse sofrimento infantil de não se sentir aceita faz com que a criança perceba isso como um desamor, quando, em geral, não é sobre amor. O impacto disto em nós na infância é enorme. Acreditamos que precisamos fazer e ser coisas para sermos amados. Há uma necessidade intrínseca e existencial de pertencimento. Este livro simboliza a cura de uma expressão reprimida e medrosa, em um registro que surge do lugar mais profundo da minha alma, e hoje de um lugar mais maduro. Simboliza também a despedida da minha gueixa.