Um homem deixa misteriosamente sua vida pregressa rumo a uma comunidade litorânea. Relato incisivo sobre a desagregação física, familiar e social, A segunda morte traz uma singular descrição da velhice e do encontro humano com a morte.
"Ele vê a mata escura da serra acender no retrovisor, rajada pelo vermelho das luzes quando pisa no freio, e outra vez o mundo atrás de si desaparece no breu." Assim começa este breve romance, numa descida, espécie também de fuga, com um personagem que deixa uma vida para trás. Na direção do mar, uma vila de pescadores do litoral, é para onde ruma Gustavo, um homem de quase oitenta anos, na companhia apenas do peso lento do próprio declínio. Com uma prosa direta, Roberto Taddei nos conduz ao território da finitude e do poder masculino devastado. Se é na doença que o corpo percebe mais profundamente a si mesmo, A segunda morte é a narrativa de uma sensibilidade aguçada, que aos poucos vai sendo tocada por tudo ao redor — da umidade da vegetação costeira às luzes fracas dos barcos no mar; da interação com os habitantes locais à atmosfera misteriosa das trilhas por rochas e encostas. Em suas páginas, o realismo — e a consciência humana — se desfaz num tom mágico, de estranhamento. Uma queda e uma ascensão. A dissolução da vida no grande mistério.
"Com uma escrita vigorosa, Roberto Taddei nos apresenta uma espécie de estudo lúcido e honesto sobre a finitude. Trata-se de uma investigação profunda da condição humana e de nossa precariedade diante da vida." — Jeferson Tenório
"Gosto da maneira como o autor omite informações que, ainda que pareçam fundamentais, a rigor seriam supérfluas — o motivo que leva o protagonista a querer desaparecer é uma delas. O livro é muito bom." — Paulo Henriques Britto