— Escute o ensinamento do teu mestre, Magnus — disse Aquilas. — Apresentar-te-ei à humanidade para que respondas à pergunta universal.
O garoto olhava surpreso, e o mestre continuava a dizer:
— Sim, para que desvendes o objetivo da vida. Sabe, Magnus, desde que chegamos aqui, fugimos da fome, da doença e da violência, mas fomos nós que criamos esses males. Inventamos a fome ao nos reproduzirmos desordenadamente, ao armazenarmos alimentos em excesso, e ao impedimos que outros possam armazenar também. Nosso medo de ficar sem fez com que submetêssemos as demais classes a uma situação de necessidade, e para nos mantermos no poder, geramos a falta, que é fruto de nosso excesso! Pois não existe comida jogada fora por nós todos os dias? Enquanto em outro lugar do mundo, crianças comem urina e barro para sobreviver!
"Inventamos a doença ao poluirmos o mundo em busca de prazeres pessoais, que geram novas substâncias e mudanças climáticas, produzindo anomalias. Olhe a Peste Negra e outras pragas, não precisamos ir longe para ver que o planeta não as produziu, verifique nas mitologias, não foi Eva quem trouxe o pecado ao mundo ou Pandora quem deixou brotar os males de sua odiosa caixa? Nada tem a Terra com isso, foram os seres humanos!
"Inventamos a violência ao não entendermos o que há após a vida, pois o medo que nos faz matar vem da ambição de querermos ter e não conseguirmos, ao mesmo passo que os outros conseguem. A causa do homicídio é a incompreensão do próximo em relação a si. Desde Caim e Abel, vemos que as mortes ocorrem pela exigência mental de querermos ser o que não somos ou de criarmos mentalmente metas frustrantes. Por não entendermos nosso caminho, interferimos no dos outros e, devido a isto, a morte acontece, devido ao medo de não ser o que outro ser humano estipulou que você deveria ser.
"Eis a dialética do mundo, Magnus! Cada ação nossa gerou exatamente aquilo que queríamos evitar.
"Você é capaz de resolver esse problema, meu jovem? Pois esse é o objetivo da vida, por um fim neste ciclo odioso, não através da morte, mas enquanto vivos transmutarmos essa realidade..."