A Revolta da Pedra e o Milagre de São José é muito mais que um título simbólico — é o fio condutor que atravessa a memória de um tempo em que a infância era vivida entre a poeira das estradas de chão, as serras desafiadoras e a pureza dos encontros sinceros. Narrado com a ternura de quem carrega no peito as marcas de uma juventude vivida no campo, este volume é um mergulho na alma de um menino que cresceu entre travessuras, amizades verdadeiras e os primeiros sinais da responsabilidade. A história começa com a formação de um grupo de seis amigos inseparáveis: Piau, Bentinho, Lourival, Caçulinha, Nelzinha e Susy — esta última, a paixão silenciosa do narrador. Unidos pelo espírito da aventura e pela inocência das brincadeiras, o grupo enfrenta dias de pescaria, futebol em campinhos improvisados, fugas pelo mato, passeios de charrete, entradas clandestinas em circos e subidas desafiadoras pela Serra da Corcunda. Cada matéria guarda o retrato de uma geração que aprendeu com a própria experiência e que valorizava a convivência, a simplicidade e o afeto como tesouros maiores do que qualquer brinquedo ou tecnologia. Mas é em um episódio marcante — a famosa "revolta da pedra" — que a história atinge o ápice. O grupo, no auge de sua ousadia infantil, decide rolar uma pedra gigante ladeira abaixo. O que parecia apenas mais uma traquinagem ganha contornos de tragédia: a pedra destrói parte da igrejinha de São José, o padroeiro da boa morte, e ainda fere animais inocentes no pasto.