À Revelia de Mim, dois ratinhos nascidos e criados dentro da mesma gaiola, e o local preferido deles era o canto, lá parecia mais confortável, mais seguro, ainda que não fosse, mas eles alimentavam essa impressão, que para eles significava paz interior. A prisão com status de residência sem nenhum conforto e com cara de posto terminal onde eles davam adeus para os amigos já sabendo que nunca mais os veriam, pois o destino deles estava traçado, era o céu da boca de uma cobra. O casal Trec e Truck dois camundongos alvinhos do pelo macio, bem avantajados praticamente o dobro do tamanho dos outros camundongos da superpopulação de ratos comilões alimentados por mãos de pessoas que aparentemente possuíam bondade e outras possuíam maldade, mãos das equipes dos estudantes de psicologia que se escondiam por trás de suas próprias mãos. As mesmas mãos que apontavam e recolhiam primeiramente os ratos apáticos, lerdos, desinteressados pela vida, que eram jogados para alimentarem as cobras. À Revelia de Mim, é uma história de superação maravilhosa, vivida com dores físicas e psicológicas por personagens que beiravam todos os dias a dura realidade de que aquele seria o último dia de suas sofridas vidas. À Revelia de Mim, mostra de uma forma diferente, o amor pela vida e o desprezo pela própria vida, para preparar-se para o inevitável momento da morte, sem odiá-la, quase a amando por conformismo, por sofrimento antecipado. À Revelia de Mim, é uma história de amor inusitada, daquelas que vai quebrando as forças até quase perto do fundo do poço, os dois de braços dados unidos para a vida e para a morte, a que chegar primeiro não será bem vinda, mas terá recepção calorosa baseada na abnegação e no conformismo que fala no íntimo de cada um: "se é isto que tem que ser, então que seja, dane-se"! À Revelia de Mim, se deixa ver não de porta escancarada, talvez só uma banda da porta, apenas entreaberta, personagens encantadores com personalidades marcantes, e que transformam suas paixões quase que viscerais em amor e ódio, no mesmo tempo em que a cega paixão transforma a realização amorosa em torturas físicas, morais e psicológicas. Pouco importando se o amado ou a amada, sofre ou deixa de sofrer. Considerando que para cada um dos dois, o que passa a valer é que a sua vontade prevaleça por prevalecer deixando explicito que quem grita mais alto e quem impõe maiores condições e punições no relacionamento, ama menos, quando é exatamente o contrário. À Revelia de Mim é uma belíssima história focada no amor inconsciente, corroído pela inveja estagnada no subconsciente da esposa, que provoca o desmantelo total na vida do casal, vida esta, que é depurada mediante o tratamento psicológico de uma excelente e incomparável terapeuta. À Revelia de Mim, vai mostrar com um formato único, a vivência regada com a realidade da convivência de marido e mulher, quando os interesses de ambos se chocam e nenhum dos dois cede ou reconhece no interesse do outro, alguma importância relevante. O cotidiano do casal segue com o mais egoísta da relação — a esposa — massacrando o outro, que não se deixa envolver pelo egoísmo e aceita até o seu limite ser massacrado, pisoteado e humilhado em nome do amor, inexistente no presente momento, mas guardado na lembrança da paixão lá do passado, quando tudo começou e eles se amavam de verdade. O limite do não egoísta — o marido — representa o acordar, o começar a enxergar, do egoísta durão, o opressor que nada via e nada sentia: a mulher. Nesse ponto, diante de palavras duras tão afiadas quanto uma navalha, o lado egoísta desperta para a realidade, ela percebe que precisa de ajuda e recorre ao profissional terapêutico, e é lá na terapia que a cura vai acontecer e o casamento vai reflorescer.