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A Retirada Da Laguna E A Guerra Da Tríplice Aliança Contra O Paraguai

A Retirada Da Laguna E A Guerra Da Tríplice Aliança Contra O Paraguai

Sinopse

A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai iniciou-se em 1864, pela invasão das tropas do Império brasileiro a República do Uruguai e foi o mais trágico, o maior e o mais longo acontecimento que marcou o processo de consolidação dos Estados Nacionais da Bacia Platina, no século XIX. Ainda no final do mesmo ano, Mato Grosso foi invadido por tropas paraguaias. A invasão de Mato Grosso pelo exército paraguaio causou profunda indignação às autoridades do Brasil, embora tenha sido uma represália a invasão do território uruguaio por tropas brasileiras, o ato foi condenado e encarado como traiçoeiro pelas autoridades do Brasil Para retomar a Província invadida, o Ministro da Guerra do Império, Henrique Beaurepaire Rohan, passou a organizar uma Força Expedicionária com o propósito de "divertir" (manobra estratégica utilizada na guerra para iludir o inimigo quanto ao real propósito do atacante ou para forçar a divisão das forças) os paraguaios que se encontravam na posse de todo o território. A Força chegou em Coxim, no Pantanal Sul de Mato Grosso, em 18 de dezembro de 1865, havendo percorrido mais de dois mil quilômetros, quase um ano após da invasão do Paraguai. A Força Expedicionária que partiu de Uberaba com o propósito de libertar Mato Grosso, fato que, posteriormente, foi imortalizado no livro "A Retirada da Laguna" pelo Visconde de Taunay, sofreu todas as privações devido à ausência de suprimentos. Aquele era um ano de grande cheia e de muitas chuvas; as águas ultrapassavam os seis metros, ocasiões em que os rios Paraguai, Taquari, Miranda, Aquidauana, e os seus inúmeros afluentes, extravasavam seus leitos e formavam uma densa rede de lagoas interligadas por cursos de água duradouros. Somente os terrenos mais altos, localmente chamados de cordilheiras, e poucas ilhas escapavam a inundação. A província, pouco habitada por não índios, não tinha condições de fornecer alimentos de que a tropa precisava, distante de qualquer ponto de apoio logístico que permitisse a condução de suprimentos e de tropas. A fome não demorou a invadir os acampamentos e, por onde passavam, os soldados do Impérios e deparavam com sítios saqueados e destruídos pelos invasores paraguaios. A enorme distância de Mato Grosso a qualquer ponto que servisse de apoio logístico à condução de recursos e tropas não mereceu atenção do comando das operações instalado no Rio de Janeiro, que sequer repôs a cavalhada perdida por doenças. Ficava assim o combatente nacional obrigado a enfrentar a cavalaria paraguaia apenas com a infantaria. As tropas enviadas a Mato Grosso foram tratadas com extrema negligência, os soldados não se preocupavam com os exércitos inimigos e sim em garantir a suas sobrevivências nos campos de batalha, onde tudo faltava, inclusive a alimentação. Além da falta de alimentos, eram obrigados a beber água de rios e de córregos nem sempre potável, a falta de saneamento dos acampamentos, a assistência médica inadequada, o número reduzido de médicos, os medicamentos insuficientes, somados à insalubridade do Pantanal, contribuíram para a disseminação de doenças que levaram à morte parte considerável da coluna, antes mesmo que ela pudesse entrar em combate. A Força Expedicionária de Mato Grosso, antes mesmo de encontrar um único paraguaio, havia perdido mais de um terço da tropa em decorrência das diversas doenças que apareceram durante a transposição do Pantanal. As perdas dos soldados foram compensadas com o alistamento de grandes quantidades de nativos pertencentes às etnias Terena e Kadueoque, além de lutarem ao lado das tropas do exército Imperial, forneceram diversos gêneros alimentícios que contribuíram para minorar as dificuldades das tropas.