Rio de Janeiro, 1839. Nos jornais da capital do Império, um debate acalorado tomava forma. Chegara do Velho Continente a notícia de que o Parlamento britânico, por meio do polêmico Bill Palmerston, intensificara a repressão ao tráfico transatlântico de escravos, pressionando o Brasil a reavaliar suas bases econômicas. Enquanto cafezais e engenhos exigiam mais mão de obra cativa, o Reino Unido impunha unilateralmente uma lei de repressão ao tráfico, gerando tensão nos círculos políticos e na opinião pública. Nesse cenário turbulento, os jornais cariocas não apenas noticiavam, mas protagonizavam o debate: como reagir ao poderio britânico? Artigos, editoriais e cartas refletiam os temores e interesses de uma sociedade dividida entre a tradição escravista e as exigências do mundo atlântico. Questões como soberania, economia e identidade nacional eram discutidas, expondo os desafios de um país jovem diante das pressões internacionais. A partir da análise de mais de mil edições de doze periódicos da época, este livro mergulha nos bastidores da imprensa oitocentista para revelar como jornalistas interpretaram e influenciaram os eventos daquele ano crucial. Com uma abordagem que combina história atlântica, história política e história social, a obra reconstrói os embates entre conservadores e reformistas, os dilemas do governo imperial e as estratégias para lidar com a crescente pressão estrangeira.