Ernest Hemingway, vencedor do prêmio Nobel e autor de grandes clássicos como O velho e o mar e O sol também se levanta, viajou à Espanha durante a Guerra Civil, em 1937, e acabou envolvido naquele sangrento conflito. Hospedado em Madri enquanto assistia à destruição da cidade, escreveu sua única peça teatral, A Quinta-Coluna, na qual, através de um texto vigoroso, transporta o leitor aos horrores daquelas batalhas. "Quando me deslocava até a linha de frente, distante não mais do que mil e quinhentos metros de nosso hotel ao seu ponto mais próximo, eu sempre deixava os originais escondidos e protegidos nas dobras de meu colchão de campanha", escreveu Hemingway. "Ao regressar, era muito agradável encontrar intactos tanto o quarto quanto eles."
Para o editor e tradutor Ênio Silveira, A Quinta-Coluna "pode não ser, ou melhor, certamente não é, um trabalho relevante de criação teatral, mas pode ser lido como boa novela dialogada e constitui – como ele próprio se dá ao cuidado de dizer em seu prefácio – criação de evidente autenticidade, report de primeira mão sobre uma das fases mais negras da história da Espanha e de toda a humanidade: esse período de teste dos horrores que, alguns anos depois, durante a Segunda Guerra Mundial – contra o nazifascismo ensandecido – desabariam sobre a Europa e o resto do mundo".