A prematuridade tem se tornado cada vez mais um problema de saúde pública. Cumpre registrar, entretanto, que as ações implementadas no país, na última década, contribuíram para o declínio da mortalidade infantil pós-neonatal. Entre essas ações podemos citar: incentivo ao aleitamento materno, imunizações, além de aumento da cobertura dos serviços de saúde e ampliação do saneamento básico, entre outros (VICTORA,2001). Outra ação que consideramos como coadjuvante nesse declínio é o Método Canguru - MC que consiste numa forma humanizada e eficaz de cuidar de recém-nascidos de baixo peso, ou pré-termo e sua família, baseado no exemplo dos marsupiais, como o canguru, que terminam a formação de seus filhotes dentro do marsúpio (bolsa), recebendo o calor da própria mãe em contato direto com sua pele. O método, entre outros benefícios, estimula o aleitamento materno e o fortalecimento dos laços afetivos mãe – bebê – família (CAETANO, SCOTHI, ANGELO, 2005). O MC foi proposto pelo Dr. Edgar Rey Sanabria, no Instituto Materno Infantil de Bogotá, como alternativa ao cuidado tradicional para os recém-nascidos com baixo peso ao nascer, e foi implementado pela primeira vez no Hospital San Juan de Dios em Bogotá, Colômbia, em 1979. O objetivo principal desse autor era solucionar a pouca disponibilidade de equipamentos, que obrigava as equipes de saúde a colocar dois ou três recém-nascidos juntos na mesma incubadora, com consequente alta taxa de mortalidade por infecções cruzadas (CHARPAK , CALUME, HAMEL,1999). Segundo o Ministério da Saúde (2002) há várias vantagens advindas desse método, tais como: diminui o tempo de separação do recém-nascido com a família; facilita o controle térmico da criança; diminui as doenças e infecções hospitalares; proporciona maior confiança e competência dos pais no manuseio do recém-nascido e diminui a permanência do recém-nascido no hospital. Estudando temas inerentes ao desenvolvimento da criança, tanto nas disciplinas de psicologia em saúde e o cuidar da criança e do adolescente e, mais especificamente, na disciplina o cuidar da mulher e do recém-nascido, aprofundar conhecimentos relativos aos cuidados com o recém-nascido prematuro nos despertou grande interesse. Somada a essa nossa intenção, a experiência de uma colega, nesse espaço de cuidar humano, ou seja, em seu local de trabalho, onde teve a oportunidade de vivenciar as nuances de mulheres que realizavam o método canguru fez com que o nosso grupo despertasse ainda mais o nosso desejo de aprimorar conhecimento acerca do Método Canguru. Registra-se, no entanto, que o nosso interesse foi mais contundente ao sabermos que não só as mulheres realizam o MC, mas também outras pessoas da família do recém-nascido e, em destaque, o pai. Historicamente, cabia à mulher realizar o MC e com essa informação e fundamentados em leituras de artigos e livros menos recentes, podemos confirmar e talvez até afirmar que no imaginário de muitas pessoas, é delegado somente à mãe colocar o recém-nascido em contato pele a pele. Diante dessa realidade questionamos: qual o sentimento do pai referente à realização do Método Canguru? Como percebe a reação do seu filho no contato pele a pele com você? Acreditamos que o conhecimento da percepção e do sentir dos pais na realização do MC poderá subsidiar uma relação mais humana e mais compreensível desse método considerado, inicialmente, como pertencente a mulher. Destaca-se, ainda, existir uma lacuna de conhecimentos na abordagem ao pai canguru na literatura atual. Com isso, o objetivo deste trabalho é compreender a percepção do pai em relação ao método canguru que realiza com o recém-nascido prematuro.