Este livro é o resultado de uma pesquisa de mestrado em psicanálise, cujo orientador foi o psicanalista Antonio Quinet. O estudo levou-me a reescrever a minha história escovando-a "a contra pelo", e, nessa perspectiva, escolhi o mito Édipo Rei, que faz parte de uma trilogia: Édipo em Colono e Antígona. E por que não escolher o Édipo em Colono já que trata do tema do desamparo de forma tão contundente?
Esta história específica de Édipo Rei e não de Édipo em Colono, serviu-me de via régia para a verdade, não toda, sobre a criança que um dia eu fui. Articulei também com o momento atual que estamos percorrendo da Covid-19. A pandemia trouxe de volta a questão do desamparo e do mito de Édipo com toda a mortandade das grávidas de Tebas na peste e o Corona-vírus invadindo nossos lares, tal qual a peste, causando muitas mortes. A peste volta e reatualiza questões do inconsciente. Nenhum outro período recente se presta melhor para exemplificar a tese de Lacan de que a Ciência foraclui o sujeito do inconsciente e com isso dificulta o avanço nas pesquisas.