Debruçado sobre sua prancheta celestial, Deus faz hora extra, maldizendo os prazos para finalizar os detalhes de sua última criação. Em uma cozinha apertada, um solteirão sem talento descobre que a culinária talvez seja, de fato, um obstáculo intransponível. Em Tóquio, um gigantesco lagarto enfrenta uma crise existencial. Esparramado sobre o sofá, senta-se o anjo da morte, encardindo o revestimento branco. Em um prédio de paredes finas, o contraste evidente entre o certo e o errado de cada um.
Essas pequenas fatias do cotidiano — seja de gente qualquer ou de criaturas mitológicas — são alguns dos exemplos encontrados neste livro, uma coletânea de situações nas quais o banal encontra o inacreditável, pois, como diz o ditado, "A mente ociosa é a oficina do Diabo". E basta que pensemos sobre as coisas por tempo o suficiente para que tudo o que é comum pareça extraordinário ou que tudo o que é formidável pareça mundano.
Talvez você se enxergue em alguns desses momentos, talvez não. Ou talvez, ainda, você tenha seus próprios contos fantásticos escondidos em um dia comum.