Este livro-reportagem de Paulo Cannabrava Filho mostra como os Estados Unidos se transformaram num império e impõem sua hegemonia sobre os povos de Nossa América por meio da exploração da fé religiosa.
A Roma Imperial se fez com as legiões, mas se eternizou com a Cruz e a Espada. No lugar dos césares, os pontífices — a Igreja de Roma — abençoando os exércitos dos conquistadores e do colonialismo escravagista. A conquista do Novo Mundo, a partir do século XV, foi também a expansão da Igreja de Roma. A Cruz e a Espada comandando um duplo genocídio, dos povos originários e suas culturas milenares.
Luteranos e Calvinistas e os reis anglo-saxões se insurgem contra a Roma dos Papas e no Novo Mundo constroem um nascente Império. Agora, acompanhando as canhoneiras e os bancos, a Bíblia e, claro, sempre a Cruz, sempre a Espada. Os métodos não mudam, aperfeiçoam-se, no usar a boa-fé do crente para dominá-lo, explorá-lo e expandir a hegemonia do novo império. Já não é mais a Igreja dos Papas e das paróquias, são agora miríades de pequenos "templos" de centenas de denominações de Igrejas que têm a Bíblia como a Palavra de Deus.
Os novos pastores e profetas, evangelizadores, cruzaram o Rio Grande e chegaram até a Patagônia com o objetivo explícito de conquistar terras, riquezas e mentes. Um século travando uma guerra cultural de conquista. A Bíblia transformada em arma para combater ideologias. Trabalhismo, desenvolvimentismo, socialismo, comunismo, democracia, demonizados no afã de impor um pensamento único que favorece o capitalismo dependente, a manutenção da enorme desigualdade entre os 10% mais ricos e os 90% explorados da terra.
Essa história, do uso da religião na estratégia de dominação e captura do poder, Paulo Cannabrava Filho resume, enfatizando como, nesse construir da hegemonia, os Estados Unidos vão se sobrepondo à Igreja de Roma e se constituindo como uma Nova Roma, Imperial, com sede em Washington.