Morávamos no vale, em casa feita de madeira de pinheiros, abundantes na região. Vi como nosso pai cortou a machado, peça a peça. E minha mãe auxiliava com a comida no ar livre. Fogão armado na pedra. O mundo se aprende no devagar mas o amor não, estava ali quando o pai a abraçava, sem muita palavra. Não gostava de muita fala. Explicava: – Falar despede alma. E todos nós aceitávamos a cara larga e macia de nossa mãe e a rudeza musculosa do pai, que, ao sorrir, não desviava ternura. E eu existia por reparar. Quanto mais reparava, mais existia.