Neste livro é traçado um breve panorama histórico sobre os modos como se desencadeiam os conflitos no campo no estado de Rondônia. Esses modos, como orienta o percurso, foram relevantes a fim de analisá-los à luz dos Direitos Humanos, da Constituição Federal de 1988 e do Direito à Terra conforme disposto no Estatuto da Terra (Lei n.º 4.504, de 30 de novembro de 1964); por fim, no Programa Terra Legal, implementado por meio do Decreto n.º 6.992/2009, que regulamenta a Lei n.º 11.952/2009, a qual dispõe sobre a regularização fundiária de terras públicas da União na Amazônia Legal.
A fim de entender a relação entre a mídia e os movimentos sociais em defesa pela terra, elegeram-se três jornais eletrônicos de maior circulação no estado de Rondônia, com o objetivo de verificar se os discursos contribuem para a criminalização dos movimentos sociais, ao mesmo tempo que, pressupostamente, incitam e influenciam negativamente a população, criando uma imagem criminosa dos movimentos e de seus militantes e/ou integrantes por meio de veiculação de notícias tendenciosas.
Isso significa dizer que a prática jornalística pode construir-se por um ajustamento progressivo e atuar pela invenção de um percurso que procura sua própria estabilidade e sua significação no confronto com as coerções evocadas, o que faz crer que os movimentos sociais, por exemplo, de lugar das classes populares, dos militantes, dos reivindicadores, dos defensores pela terra, podem ser noticiados como um conjunto heterogêneo de propostas ideológicas, mas que não se restringe a elas. Ao evocar os movimentos como o MST e a LCP como "terroristas, bandidos e cangaceiros", os jornais em análise, por uma necessidade publicitária de oposição política à ideologia própria dos movimentos, evoca-os como "lugares do crime", e não como movimentos em defesa do acesso à terra.