Diante do cenário atual, onde a produção científica circula no universo digital, pode parecer que a abordagem proposta por Sérgio Bairon seja redundante. No entanto, essa suposição é um equívoco que merece ser esclarecido. Bairon apresenta um trabalho que resulta de anos de reflexão e prática, muito antes de o meio digital se ter tornado o epicentro do pensamento científico. O que ele oferece é um mergulho na essência do meio digital, explorando as suas potencialidades de maneira tão revolucionária que transcende a mera adaptação da pesquisa acadêmica. O mais marcante é a forma como Bairon desafia os limites do pensamento científico. As suas obras, programadas em ambientes hipermédia sofisticados, conduzem-nos a uma jornada não linear e hipertextual, percorrendo sequências indeterminadas e tridimensionais. Essa abordagem ousada e radical é comparável à revolução que John Cage trouxe à música. Enquanto Cage transformou o pensamento musical, Bairon revoluciona o pensamento acadêmico na era digital. Além de uma sólida base teórica que atende tanto a acadêmicos quanto a demais curiosos, este livro oferece uma valiosa descrição dos processos de criação presentes em suas obras digitais. Nelas descobrimos a reticularidade de Wittgenstein e a abordagem labiríntica de Lacan. Além disso, aproxima-nos dos fascinantes mundos do Brasil, revisitando a cultura Boe Eru Kurireu e a riqueza dos Reis Congo. Caro/a leitor/a, prepare-se para uma jornada intelectual enriquecedora que abrirá novos horizontes para entender o pensamento na era digital. Guiando-nos por um território onde a inovação é a norma, Bairon acompanha o presente, ao mesmo tempo que molda o futuro da expressão acadêmica.
Prof. Dr. Rui Torres