Alguns aromas desvanecem rapidamente, outros liberam memórias quase esquecidas. Em A lanterna, a romancista Deborah Lawrenson constrói, através de duas narrativas simultâneas, um mosaico de lembranças que transportam o leitor para um cenário sedutor e misterioso: Les Genévriers, uma propriedade rural abandonada, localizada nos perfumados campos de lavanda do sul da França, palco de segredos de família há muito enterrado e de sensações inesperadas para os novos moradores da casa.
Eve é uma tradutora sensível, impressionável e romântica, que se envolve com Dom, um homem mais velho, compositor e pianista. Movidos por uma relação arrebatadora, eles se afastam de amigos e familiares e se mudam para Les Genévriers, local de grandes descobertas – câmaras e jazigos secretos, uma linda lanterna de ferro. Ao mesmo tempo que investe na reforma da casa, Eve tenta escrever um livro sobre as velhas lendas provençais. A pesquisa sobre a vida na região e seus personagens se mescla com a necessidade de desvendar o passado de Dom e a relação dele com Rachel Summers, sua misteriosa ex-mulher.
Com a chegada do outono, o refúgio idílico se transforma em um cenário assustador, tomado por sombras e mistério. O leitor se depara com a trajetória de outras pessoas, que, curiosamente, ocupam o mesmo espaço, mas não o mesmo tempo, e se perdem no labirinto de suas impressões. Nesta narrativa, se desenha também em primeira pessoa os componentes da família comandada por Memé Clementine, mãe de três crianças.
O leitor só vai juntar as peças do quebra-cabeça ao final. Em ambas as histórias, a lanterna é um objeto fundamental para que se desvendem os mistérios da existência, do amor e da morte. Deborah Lawrenson acrescenta elementos góticos numa narrativa moderna, num jogo de luz e sombras que dá ritmo ao romance. Em A lanterna, o passado e seus fantasmas se revelam lentamente. E tudo tem possibilidade de se iluminar novamente.