Esta obra intitulada A justiça como virtude na organização racional da pólis nos diálogos A República e As Leis tem como objetivo analisar se Platão propõe em As Leis uma mudança da concepção de justiça defendida no diálogo A República ou se o filósofo visa complementar a ideia de justiça apresentada nesse diálogo a partir do seu projeto de legislação. Sob essa perspectiva, o problema filosófico fundamental que esta obra objetiva responder se expressa da seguinte forma: a ideia de justiça apresentada por Platão em As Leis vinculada ao conteúdo legislativo complementa a sua concepção de justiça defendida no diálogo A República? Propõe-se uma análise comparativa dos dois diálogos buscando destacar a ideia de justiça defendida por Platão em cada um deles e a imprescindibilidade da concepção de justiça na organização racional da Kallipolis e da Magnésia. Conclui-se que, embora Platão introduza no diálogo As Leis um novo elemento, a legislação, cujas virtudes estão vinculadas ao seu conteúdo, a justiça continua sendo a ordem e harmonia entre os elementos que compõem a alma (justiça psíquica) e entre as classes da cidade (justiça política), complementando, portanto, a ideia de justiça descrita em A República. O que Platão objetiva no diálogo As Leis é demonstrar que tanto a lei quanto a justiça são produtos da mesma razão divina (nous) e, dessa forma, envolvem o mesmo tipo de ordem e harmonia.