Inscrita em um contexto de transformações sociais, econômicas e políticas, sob a utopia da instrução pública como redentora dos problemas nacionais, a reabertura da Escola Normal de São Paulo, em 1880, contou com a introdução de disciplinas científicas no currículo da instituição, tornada símbolo da renovação educacional paulista, acompanhando a valorização que a ciência passou a receber no decorrer do último quartel do século XIX, no contexto urbano e industrial. Ao questionar o advento dessas disciplinas científicas, Matheus Céfalo se deparou como a personificação de um imaginário republicano que buscava uma feição prática ao ensino ministrado na Escola Normal, pautado no método experimental e na valorização da ciência como formas de manter acesas as aspirações de civilização e modernidade. Para tanto, o autor se preocupou em desvendar como era o ensino ministrado para as disciplinas de Física e Química, pensando em como eram formados os alunos da Escola Normal de São Paulo – futuros professores paulistas –, quem eram os professores responsáveis por esse ensino e, sobretudo, os materiais didáticos utilizados, enfatizando o papel dos objetos científicos na formação dos normalistas, tidos não apenas como recursos, mas como conteúdo de ensino em aulas de demonstração sobre o funcionamento desses aparelhos, ressaltando a valorização da materialidade e da verificação experimental nessa formação.