A Infanta Joaquina é uma obra de Chrysanthème que acompanha a vida da filha de D. João VI e D. Carlota Joaquina, destacando sua formação em meio às intrigas da corte portuguesa e os impactos do ambiente político sobre sua juventude. A narrativa mostra Joaquina dividida entre a obediência às rígidas convenções impostas pela família real e o desejo de afirmar uma vontade própria em um espaço onde cada gesto feminino era vigiado e interpretado politicamente.
O livro percorre episódios de sua infância e adolescência nos palácios, revelando tanto a educação severa voltada para o dever religioso e dinástico quanto as frustrações de uma jovem obrigada a conter seus impulsos mais pessoais. As relações com a mãe, Carlota Joaquina, são marcadas por tensões — de um lado, o peso de uma rainha autoritária; de outro, a expectativa de que Joaquina seguisse fielmente o modelo materno. Há também o retrato das disputas internas da corte, dos rumores sobre alianças matrimoniais e das restrições impostas a uma mulher cujo futuro era usado como instrumento político.
A narrativa investiga de perto os dilemas emocionais da infanta: o sentimento de isolamento dentro da família real, o choque entre dever religioso e a busca por autenticidade, a consciência de que sua vida estava determinada mais por razões de Estado do que por escolhas pessoais. Esses conflitos tornam-se centrais para entender sua fragilidade e, ao mesmo tempo, sua resistência silenciosa frente às pressões dinásticas.
Chrysanthème, pseudônimo de Maria Amália Vaz de Carvalho Júnior, utilizou a ficção histórica para revisitar figuras femininas da história portuguesa, dando-lhes voz e complexidade. Sua escrita une observação psicológica e crítica social, inserindo personagens como Joaquina em um debate mais amplo sobre identidade, gênero e os limites da liberdade em contextos de poder.