A partir de investigação minuciosa nos arquivos da polícia política brasileira, Wilson Milani oferece aos leitores uma análise inteligente e sensível de uma luta secreta em torno do poder das palavras impressas. De um lado, os comunistas e suas gráficas, os argumentos e sonhos revolucionários. De outro, as ditaduras brasileiras e sua perseguição sistemática às ideias que ameaçariam a “paz social” que diziam preservar.

Numa linguagem envolvente e rica, o livro aborda um universo de luta política e perseguição feroz:  em recônditos lugares, impressoras e mimeógrafos são manejados por militantes gráficos; nos quartéis da polícia, urde-se a ideologia anticomunista que vê em cada panfleto ou boletim um vírus subversivo, um agente patológico infeccionando o organismo social. 

Unindo rigor científico à preocupação em transmitir ao leitor a relevância do tema, o autor trouxe para o presente uma reflexão que perpassa a história brasileira: a resistência através dos meios de comunicação e suas consequências muitas vezes letais. Como afirmou o professor Mauricio Lissovsky no texto da orelha do livro: “No mundo dos memes em que vivemos, em que o anticomunismo ressurge na forma da “guerra cultural”, a leitura deste livro não ilumina apenas nosso passado. Como toda história bem contada, transpira atualidade.”