O livro busca problematizar os processos sócio-históricos que conduziram à formação da identidade nacional brasileira durante a Guerra do Paraguai. Para tanto, o estudo partiu da análise de corpo documental variado (literatura oitocentista, diários, memórias, lembranças e reminiscências de guerra). O autor também dialoga com teóricos que discutem os conceitos de identidade, memória e cotidiano, mais especificamente, sua utilidade para a interpretação das experiências vividas no passado. Nesse sentido, a identidade brasileira no conflito platino aparece como construção ao mesmo tempo coletiva, mas também orientada por questões de cunho pessoal, atendendo aos anseios privados. O Brasil (enquanto ideia e abstração) ganhava sentido e contornos durante as batalhas, a vitória parecia reforçar os sentimentos de brasilidade. As derrotas causavam questionamentos quanto à validade e a pertinência da guerra. As fontes elencadas apontam para um evento histórico que redundou numa discussão sobre os futuros caminhos políticos, sociais, econômicos e culturais que nosso país adotaria mais tarde. A Questão Militar, a Proclamação da República (1889) e a abolição da escravatura podem ser citadas como exemplos de encaminhamentos que sofreram influência dos resultados do conflito platino. Por suas múltiplas dimensões, a Guerra do Paraguai (1864-1870) merece análises históricas que escrutinem sua importância enquanto instante de construção, formação, afirmação ou mesmo negação de determinadas bases sociais constitutivas do Brasil. É nesse esteio que a presente obra se faz, indicar os mecanismos de elaboração da identidade nacional brasileira na Guerra do Paraguai, a partir da narrativa daqueles que a vivenciaram.