Em 1118, doze anos depois da Primeira Cruzada, um grupo de nove cavaleiros obteve permissão do rei cristão Balduíno II para se estabelecer no antigo Templo de Salomão, em Jerusalém, no lugar onde hoje existe a mesquita de Al-Aqsa. Pretendiam criar um contingente militar permanente para proteger os peregrinos que se dirigiam à Terra Santa. Dez anos depois o papa Honório II formalizou a existência da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, formada por monges combatentes que faziam voto de pobreza e castidade. Subordinados diretamente aos papas, independentes de qualquer poder secular ou eclesiástico, eles logo adquiriram grande reputação como principal força militar cristã na linha de frente contra os muçulmanos. O manto branco que usavam, com uma cruz vermelha no lado esquerdo do peito, se tornou famoso em toda a Cristandade e respeitado nos campos de batalha. "Um cavaleiro Templário", dizia São Bernardo de Claraval, "é destemido e está seguro por todos os lados. Sua alma está protegida pela armadura da fé, assim como seu corpo está protegido pela armadura de aço. Está, pois, duplamente armado. Não precisa temer nem demônios nem homens." Durante os 180 anos em que duraram as Cruzadas, os Templários acumularam enorme poder e fortuna em castelos, terras, imóveis, navios e tesouros, com os quais criaram o primeiro grande sistema bancário europeu, tornando-se credores de nobres e reis. Porém, depois que a Terra Santa foi reconquistada pelos muçulmanos, em 1291, o apoio à Ordem diminuiu, até que Filipe IV, rei da França, obteve autorização do papa Clemente V para lançar uma implacável perseguição contra ela sob a implausível acusação de praticar cultos demoníacos. Prisões, torturas e execuções públicas se sucederam. Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay, o último grão-mestre, foi queimado vivo em Paris, lançando desafios e imprecações contra o rei e o papa. Os documentos originais dos julgamentos nunca foram divulgados. A grande frota templária desapareceu sem ser capturada. E o arquivo central da Ordem foi destruído em 1571 pelos otomanos. O fascínio em torno dos Templários subsistiu na forma de lendas e especulações, com poucas fontes confiáveis. Em 1842, o advogado e historiador inglês Charles G. Addison publicou, finalmente, o resultado de suas extensas pesquisas, que usaram fontes hoje indisponíveis. É o livro que o leitor tem em mãos. É uma história completa da Ordem, desde sua criação até a recuperação do Templo de Londres, que ainda hoje está de pé. Uma história real, feita de fé, proezas militares, conspirações, traições e grande emoção. César Benjamin