A presente obra tem como objetivo estudar a história do conceito de bonapartismo, uma forma autocrática de governo que surge no século XIX, caracterizada pela subordinação da sociedade civil e das instituições políticas representativas a um líder.
Esse Líder carismático instala seu regime através de um golpe de Estado e afirma expressar diretamente a indivisível soberania do povo, usando de plebiscitos para legitimar excepcionalmente algumas medidas tomadas.
A análise histórica do conceito de bonapartismo e das diversas apropriações e usos que o conceito teve nas tradições francesa, alemã e brasileira comprova o risco das instituições representativas existente em períodos de crise, em que o uso da palavra democracia pode estar muito próximo ao da ditadura.
Observando a semântica histórica dos conceitos, o presente livro demonstrará que o conceito de bonapartismo é construído por relações sociais e políticas, ao mesmo tempo que constrói relações políticas e sociais.
O bonapartismo surge em meio a um processo de emancipação e "des-emancipação", de afirmação e seguinte negação do sufrágio universal no meio social.
Neste sentido, tanto os liberais que estipularam cláusulas de exclusão e limitação à participação popular, quanto os conservadores que negaram a necessidade de um parlamento, como instrumento fundamental à deliberação política em uma sociedade pluralista, esvaziaram o sentido do termo democracia e abriram campo ao surgimento do bonapartismo e de seus elementos.