Elson de Souza faz um breve histórico sobre a origem de outras bebidas fermentadas e destiladas. Ele conta como o cultivo da cana-de-açúcar, a matéria-prima da bebida, saiu da Índia e veio para o novo continente. Ao falar sobre a chegada dos portugueses ao Brasil mostra o cenário em que surgiu a aguardente no século XVI. A partir desse ponto, A História da Cachaça passa a se identificar com os hábitos e costumes do brasileiro e a fazer parte de nossa tradição. Num enredo bastante claro, a leitura acompanha o processo de colonização da América Portuguesa desde a expansão do consumo entre os escravos, os laços comerciais com a África e o contrabando que desafiava o monopólio português de vinhos. Não falta emoção na narrativa: guerras africanas, naufrágios e até canibais estão no caminho da popularização da bebida. O ponto alto da ação se desenrola durante o episódio conhecido como A Revolta da Cachaça, quando senhores de engenho lutaram para liberar o comércio e a produção nos alambiques. Um pouco antes da Independência do Brasil, a cachaça conquista o gosto dos trabalhadores da mineração de ouro e o status da legalidade frente às bebidas européias e afirma-se no cotidiano das lutas pela liberdade. Durante o Império, a cachaça já é parte integrante da vida das camadas populares e dá sabor ao labor de escravos e trabalhadores livres. O autor completa o eixo central da obra com a consagração da cachaça artesanal nos dias atuais. Na parte conclusiva, Elson de Souza reserva ao leitor os aspectos culturais sobre a bebida, como a origem do nome e os diversos sinônimos, o uso como remédio, além de sua influência no folclore com lendas, música e poesia. Uma leitura gratificante e saborosa como a cachaça.