AFESTA DOS BALDO O poema chama-se A Festa de Baldo: Eu canto a singular festa de Baldo... (Canto primeiro, verso 1) / Assim acabou a festa de Baldo. (Canto oitava, último verso) Mas, poderíamos tranquilamente chamar-se A Festa dos Baldo (o Escrivão de cartório Cleto Baldo e sua D. Clara - Clarinha, nada mais que o nosso poeta e sua esposa D. Ana de Macedo), o tema da poesia é comum, a comemoração dos quinze anos de casados - bodas de esmeralda. Toda a alta sociedade (A Saúde: o boticário, hoje em dia seria o farmacêutico; a Igreja: o vigário, o bispo - Luís do Rego, também militar: Capitão General etc., a Lei: o juiz de paz, o juiz de fora e o Mestre-Escola: Roberto – Berto para os amigos) está convidada para a Festa. Instigada por Mestre Berto e pela filosofia de Epicuro – viver e ser feliz - D. Clara quer comemorar, ou seja, festejar. As mesas são fartas: doces finos, vinhos das melhores qualidades, salgados de todos os modelos etc. Admirável é a sensibilidade com o que o Poeta descreve o abate das aves para o banquete da Festa: frangos que sonham em ser galos, galos propriamente ditos, galinhas e patos etc. Os músicos (flauta da vila e a guitarra) estão contratados. A Festa começa... No auge da Festa aparece uma canalha de penetras, domina a Festa e faz das mesas fartas reféns, não é preciso repetir o grande poeta modernista: A Festa acabou!... E assim termina A Festa dos Baldo: Qualquer que seja o bem que à pátria venha Desta rusga internai agora em campo. Deviam tê-la feito há quinze dias Ou então adia-la para mais tarde. (A Festa de Baldo, 1888, pp. 17 a 31) D. Clarinha e Cleto Baldo decidem nunca mais fazer Festa. Rio, 18 de outubro de 2020. Dr. Formigão (A. C. Ferreira)