O propósito da obra A felicidade é aqui: lições de antiga sabedoria é ajudar, por meio de reflexões simples, a desenvolver o potencial para ser feliz que todos possuem. Segundo Py, quando a felicidade é associada a objetos, poderes, pessoas ou qualquer outra coisa concreta, ela está vinculada a bases pouco sólidas, pois tudo que é concreto e exterior a nós pode ser perdido.
O psicanalista atenta para a importância da gratidão, do amor, do caráter, do aprendizado, do perdão, da espiritualidade, da auto-estima e da fé. E ele chama atenção para uma série de armadilhas em que o ser humano costuma se meter. Por exemplo: sonhar é bom, quando se tenta concretizar o sonho; caso contrário, ele é usado como substituto da realidade, e não se pode ser feliz assim. Outro perigo: compaixão só é um sentimento positivo se for desenvolvido em relação a outros, pois ter pena de si mesmo é um veneno para a alma. O medo também mereceu um espaço considerável no livro, por ser útil para apontar um perigo que possa ser evitado. Mas que fique bem claro: o que for inevitável deve ser enfrentado, pois viver sempre é perigoso.
O livro também reserva alguns capítulos à morte. Pode parecer estranho tratar desse tema quando o assunto principal é a felicidade. Mas faz todo sentido: o autor acredita que quando se tem em mente que a morte virá um dia, percebe-se que os valores morais são mais importantes que os objetivos meramente materiais. Não é na morte que se perde a vida, mas desperdiçando nosso precioso e curto tempo com coisas sem importância.
Py recorre a este mesmo princípio quando fala do amor. Segundo ele, mais de 90% dos relacionamentos amorosos acabam, e é praticamente certo que pelo menos uma das duas pessoas envolvidas sofra. Mas a vida ressurge, sempre, desde que se lute por isso. Como escreve o autor, "a vida é uma aventura ousada; ou nada".