Quando Marcos Delgado Gontijo resolve dar "A Fala na Rouquidão", seu novo livro de poesia, o leitor é convidado a viajar em mundos onde as ideias são sangue e onde o mar se banha em nuvens de ouro. Este leitor precisa se vestir da poética proferida no correr com o riso faceiro durante o vazio das horas para dizer: mas vergo ao vento rajado do belo dia. Assim ele poderá ficar comendo saber e existir quando caem moedas plimplinando e gotas douradas joiam luzes. Ele saberá que podemos tudo, mas a decisão é humana e precisa-se saber das almas das coisas paradas. O autor não poupa o leitor com a criação de novas palavras, várias quase absurdas derivações, mas ele mostra ser craque nos dribles para dizer, com impacto, à alma leitora, que ela habita um corpo material capaz de sentir dores e sofrer amores para sobreviver às agruras de um mundo que pode e deve ser melhor do que atualmente é. A cidade de João Monlevade, das Minas Gerais, deve ter orgulho de seu habitante ilustre, por ele ser capaz de falar bem a poesia de forma muito diferente do usual. Palavras incrustadas sobre inúmeras pequenas figuras, produzem um efeito gostoso aos olhos e atingem o âmago dos sentimentos de todos os amantes da leitura de poesia. Sabemos que esses amantes são sempre poucos, mas temos a certeza de que esses raros apreciadores da beleza da palavra poetizada farão a devida divulgação do livro e do nome de seu criador. Eles, dirão que é genial um poeta proferir: "Em seu encalço Rodam rodas gementes Fecham portas rangentes Caem moedas plimplinantes Despertam mourões nas cercas dos quintais." O Tempo, o Espaço, a Alma, os Pensamentos, o Profano, o Bucólico, o Reflexivo, em suma um conjunto de comuns se torna Próprios na poesia de Marcos Gontijo. Para quem começa a praticar a arte da poesia, ler este livro será não uma série de aulas, será uma escola de aprendizagens. Para quem já domina essa arte, ler este livro é o mesmo que se surpreender a cada página e perceber que algo diferente é possível. Ser poeta é também ser ator. Há algo de divino em muitos desses poemas, misturando Terras e Céus sobre papéis enfeitados de sensibilidade. Clairto Martin Professor, Jornalista e Escritor