Evolução de uma relação contratual de prestação de serviços organizacionais entre um consultor – o próprio pesquisador – e seu cliente, em uma pequena empresa. O foco de interesse é a busca do entendimento à luz da Teoria do Agir Comunicativo, de Jürgen Habermas. Alguns conceitos trabalhados por esse filósofo, como agir comunicativo, racionalidade comunicativa, mundo-da-vida, atos de fala, condições para o entendimento e pretensão de validez, possibilitaram compreender o sentido e os fatos do relacionamento entre consultor e cliente naquela pequena empresa, centrando-se na análise da linguagem, que é o lugar, por excelência, do entendimento. A estratégia de pesquisa utilizada foi a observação participante que proporcionou acesso à riqueza de fatos da relação contratual. A conclusão central é que não existe uma "receita de bolo", técnicas preestabelecidas nem fórmulas de sucesso para uma saudável relação contratual "ganha-ganha" em consultoria. O que existe é o amadurecimento e muito diálogo em busca do entendimento entre gestor e consultor. Opõe-se ao entendimento o uso estratégico da linguagem, aquele no qual o interlocutor é tratado apenas como meio ou obstáculo na busca dos próprios interesses. Ao contrário, descobriu-se que a prática da argumentação continua uma ação comunicativa, mesmo quando há desacordo. Imprescindível é realizar um acordo de objetivos a serem alcançados progressivamente como base de entendimento e este, de uma relação de confiança.