O livro registra a História e Memória da Escola de Boa Vista. Mesmo que você não tenha estudado aqui, certamente poderá identificar-se com muito com a obra. Poderá relembrar épocas, contextualizar os fatos históricos, sorrir e se emocionar com a vida desse povo. Os filhos e filhas da Escola de Boa Vista têm muitas histórias para contar. Digo filhos e filhas porque considero essa Escola como a nossa mãe. É uma mãe com muitos filhos e que nos recebeu e acolheu - desde pequenos - de braços abertos. Acolheu a mim e acolheu a você que agora porta em suas mãos esta obra mediante a qual lhe proporcionará uma viagem há quase setenta anos. Quantos Joões a Escola recebeu? Quantas Marias passaram por aqui? É uma Escola acolhedora, especial, que deve ter a sua memória preservada para as gerações pre-sentes e vindouras. A ideia de preservar a memória da Escola surgiu com um sonho e um desafio do diretor Ailton Maria de Souza. O diretor da Escola sonhou e depois desafiou-me a escrever o livro em comemoração aos 70 anos de História da Escola Municipal de Boa Vista. Primeiramente confesso fiquei imensamente grato com o convite e ressaltei tamanha responsabilidade que foi-me concedida. Logo percebi que o sonho do diretor se transformou no meu sonho e no sonho de muitos filhos e filhas da Escola. O sonho - com o tempo - virou ansiedade. Fui questionado diariamente pelos leitores sobre a data da publicação da obra. Algumas pessoas paravam-me para comentar de sua ansiedade em ter logo o livro em suas mãos para ler, presentear, indicar a parentes e amigos. Por outro lado percebi que não podemos deixar a história da Escola de Boa Vista ser esquecida. Assim como "é preciso chuva para florir", (Letra da música de Almir Sater, Tocando em Frente), também é preciso contar, recontar e registrar a nossa história a fim de podermos preservá-la. Tudo que não se registra se perde ao longo do tempo. Perde-se porque somos falíveis, as pessoas morrem, os documentos desaparecem, esquecemos os fatos. Para evitar que isso aconteça é necessário registrar. Imagine se os portugueses não tivessem registrado as aventuras nos "mares nunca dantes navegados" (CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. São Paulo: klick editora, 1995). Pois é, mais de 500 anos depois temos um documento histórico contando a chegada dos portugueses no Brasil. Se isso não tivesse sido feito certamente os fatos históricos teriam se perdido ao longo do tempo. O nosso objetivo é o mesmo: registrar para preservar à sociedade a memória da nossa querida Escola. Assim para escrever o livro analisei documentos, fuxiquei fotografias, entrevistei professores, conversei com os ex-alunos da Escola, trilhei os caminhos do passado, visitei a Escola de Boa Vista, a Escola Dr. José Gonçalves e a Secretaria Municipal de Educação, em Martinho Campos. O título não poderia ser outro pelo fato de o livro referir-se a nossa anciã. Já o subtítulo - História e Memória - deu-se por questões técnicas. A História é tudo aquilo que o historiador percebe a partir da análise dos documentos de forma imparcial. Ele não vive e não reflete a sua percepção, mas aquilo que se depreende dos documentos. A Memória - em contrapartida - é sempre parcial, relata a experiência vivida e individualizada. Enquanto na História o historiador não deve deixar nada de fora, na Memória o processo é seletivo, conta-se aquilo que lhe convém. Na história analisa-se o todo, na memória realiza-se a escolha dos fatos, eis a razão do subtítulo da obra. O livro foi dividido em vinte e seis capítulos e as considerações finais. Procurei seguir uma ordem cronológica dos fatos. Iniciei com o sonho de uma Escola e concluí com os dias atuais. Ao longo da escrita do livro recebi uma carta de uma aluna da Escola de Boa Vista, da década de 50, que foi colocada como um dos capítulos. Também promovemos um concurso de desenho e redação na Escola.