A sociedade contemporânea organiza-se segundo um modelo econômico que se fundamenta na disponibilidade crescente do conhecimento, o qual, valorizado por sua natureza pragmática e utilitária, é tratado como mercadoria, sujeita à lógica do mercado financeiro global. Assim, ao desempenharem as atividades que lhes são inerentes, ou seja, a produção, a organização e a transmissão do conhecimento, as Instituições de Ensino Superior assumem uma tendência tecnicista e mercadológica, privilegiando percursos formativos que se preocupam com o domínio técnico altamente especializado e com a utilização instrumental de informações, mas que negligenciam aspectos humanísticos indispensáveis ao desenvolvimento do compromisso ético do estudante com o bem comum.
Sob essa perspectiva, este livro analisa os projetos pedagógicos de dois cursos de graduação distintos – Engenharia Elétrica e Teologia –, cada qual mantido por uma determinada Instituição de Ensino Superior. O objetivo é identificar elementos curriculares imprescindíveis à formação de profissionais-cidadãos.
O autor conclui que a necessária ressignificação dos processos de formação oferecidos no âmbito do ensino superior impõe que se fixe um novo paradigma educativo, em que se articulem, convenientemente, os seguintes pontos: o protagonismo do aluno; a compreensão da aprendizagem como processo de crescimento e desenvolvimento de uma pessoa em sua totalidade; a construção de conhecimento significativo, por meio de uma estreita vinculação entre reflexão teórico-conceitual, prática profissional e experiência extraescolar; a mediação pedagógica exercida pelo professor, de tal modo que a ação de ensinar consista em promover uma aprendizagem significativa; a instalação de espaços de gestão participativa que envolvam todos os segmentos da comunidade acadêmica; a elaboração de uma arquitetura curricular que, superando um arranjo estritamente técnico-linear, promova a interdisciplinaridade e a integração progressiva e complementar do conhecimento; a proposição de estratégias metodológicas que permitam ao aluno apropriar-se de sua formação, como verdadeiro protagonista; e a avaliação entendida como possibilidade de aprendizagem.