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A economia desumana

A economia desumana

Sinopse

A economia desumana destrincha os efeitos na saúde pública da escolha entre as políticas de austeridade fiscal e o estímulo estatal na economia.

 

Muito se fala sobre os fortes impactos econômicos e sociais das crises financeiras, mas seus efeitos desastrosos sobre a saúde humana continuam sendo ignorados e por isso mesmo exacerbados, com a adoção de medidas indiscriminadas de austeridade e a redução dos programas sociais nos períodos em que as pessoas mais precisam deles. Embora as políticas econômicas não possam ser apontadas como as causadoras diretas das doenças que acometem a população de um país, elas sem dúvida atuam como fatores subjacentes, determinando que grupos de pessoas serão expostos aos maiores riscos à saúde.

Neste livro provocativo, os especialistas em saúde pública David Stuckler e Sanjay Basu reúnem dados que mostram como a política de governo se torna uma questão de vida ou morte durante tempos de recessão. Estudos de casos históricos – que vão desde a América dos anos 30, passando pela Rússia e pela Indonésia na década de 1990, até períodos mais recentes na Grécia, Grã-Bretanha, Espanha e EUA – revelam que muitos países transformaram suas crises econômicas em verdadeiras epidemias, arruinando ou extinguindo milhares de vidas enquanto tentavam equivocadamente equilibrar orçamentos e fortalecer os mercados financeiros, resultando em uma série sombria de tragédias humanas, desde suicídios a infecções por HIV.

No entanto, durante a Grande Depressão, as mortes nos EUA caíram e, nos últimos tempos, a Islândia, a Noruega e o Japão estiveram mais felizes e saudáveis do que antes, provando que o bem-estar público não precisa ser sacrificado em prol da saúde fiscal.

Cheio de revelações chocantes e contraintuitivas, além de recomendações políticas audaciosas, A economia desumana oferece uma alternativa à austeridade que evitará o sofrimento generalizado, tanto agora como no futuro.

Trecho da introdução: "Quando pensamos no corpo econômico, buscamos compreender como os orçamentos governamentais e as escolhas econômicas afetam vida e morte, resiliência e risco em populações inteiras em todo o mundo. [...] As forças econômicas determinam quem tem maior probabilidade de se embebedar, contrair tuberculose em um abrigo de pessoas sem moradia ou afundar na depressão. Essas forças podem afetar não apenas o risco, mas também a proteção, determinando quem tem mais probabilidade de conseguir apoio social, manter um teto sobre a cabeça ou se recuperar de uma fase ruim na vida. É por isso que até uma pequena mudança nos orçamentos públicos pode ter grandes – e possivelmente involuntários – efeitos sobre o corpo econômico, para o bem ou para o mal. [...]

Se os experimentos de austeridade tivessem sido guiados pelos mesmos padrões rigorosos adotados nos estudos clínicos, há muito teriam sido descontinuados por um conselho de ética médica. Os efeitos colaterais do tratamento com austeridade têm sido graves e, muitas vezes, letais. Os benefícios do tratamento não se concretizaram."