Este trabalho pretende analisar a construção de uma memória positiva sobre a Ditadura Militar no Espírito Santo, por intermédio do jornal A Gazeta durante o governo do Arthur Carlos Gerhardt Santos (1971-1975). Para tal finalidade, é importante entender o contexto político, social e econômico do período conhecido por "Milagre Econômico"; especificamente, o projeto econômico de modernização conservadora do então presidente militar Emílio Garrastazu Médici (1969-1974); e de como, em seu governo, foram utilizadas a censura e a propaganda política, as quais ditaram o tom das práticas comunicativas da Ditadura com os cidadãos. Para tanto, se fez necessária uma reflexão historiográfica sobre a contribuição da imprensa oficial capixaba (o jornal A Gazeta) na elaboração dessa memória positiva. Utilizaremos da abordagem metodológica do filósofo alemão Jürgen Habermas, o qual analisa a atuação da imprensa no espaço público enquanto organismo de mediação entre o governo constituído na esfera pública; e do historiador francês Roger Chartier, que desenvolve o conceito de representação social, cujas práticas e representações moldam a forma de pensar e agir da sociedade em determinado contexto histórico. Portanto, os caminhos do consenso e do consentimento trilhados pela ditadura militar (1964-1985) no Espírito Santo ecoam no tempo presente, indicando os conflitos silenciosos entre as memórias, tendo em vista a relação complexa da sociedade com o regime ditatorial que precisa ser revelada.