Não quero pensar no que se passa em minha consciência neste instante, mas sei que nada será como antes. Nem mesmo a dor, nem mesmo a saudade, nem mesmo a vontade. Nada será como antes. Estou prestes a chegar ao Castelo de Pedra e tudo, absolutamente tudo, em mim está diferente. O que estou fazendo? Também não sei; sou apenas a alma de uma mulher. Zelo pela minha existência e pela existência do corpo que habito, tanto quanto um bom guardião o faria. Mas existe algo além, algo que, ainda, fico sem saber como definir. Talvez as respostas para todas as perguntas que faço ao meu próprio ser estejam entre as muralhas de pedra. Se estiverem lá, quero encontrá-las. Não há como viver sem as respostas que anseio. Não há como viver sem mostrar-me, de verdade. Preciso mostrar o que há por trás das muralhas que construí em torno de mim, protegendo-me, defendendo-me de mim mesma. Não sei o que me espera, mas espero encontrar o que espero: o meu lugar. E ficar, e permanecer, e apenas ser. A chegada de Stella Maia ao Castelo de Pedra havia sido planejada desde seu primeiro sopro. Sua própria alma lutava há anos para trazê-la de volta ao lar, mas cabia à Stella, e somente a ela, aceitar o convite para estar entre eles, aceitar o convite para viver a sua verdadeira história. Uma história difícil, marcada por muitas dores, muitos sacrifícios, muitas provações, mas que poderia vir a ser a mais bela história de amor, caso Stella percebesse a grandeza daquele sentimento, em sua essência, e tivesse fé, muita fé. A CORUJA E O CORVO, primeiro romance escrito por Lydia Gomes, promove o verdadeiro encontro entre êxtase e agonia, luz e sombra, espírito e matéria, revelando, através de personagens de rara beleza, a intensidade dos amores eternos de maneira simples e surpreendente.