Propus-me a escrever esse livro em função de convite da Dra. Maria José Campagnole dos Santos, enquanto investida na presidência da Sociedade Brasileira de Fisiologia, para ministrar conferência sobre o resgate do nome de Miguel Ozorio de Almeida como um dos pioneiros da pesquisa experimental no Brasil. Há inúmeras menções propagadas e reservadas a outros fisiologistas pioneiros, como João Batista de Lacerda, ao final do século XIX e Álvaro Ozorio de Almeida, irmão mais velho de Miguel, no início do século XX. Entretanto, percebemos a necessidade de invocar a atenção para aquele que a comunidade científica internacional e a historiografia científica no Brasil têm relevado com menor visibilidade que os registros nos diplomas legais acadêmicos.
Refletindo sobre a natureza deste livro, quando já estava concluindo-o, dei-me conta que a massa crítica de leitores será composta primariamente por jovens, muitos dos quais ainda não tiveram contato com essa temática. Assim, decidi reunir fatos e episódios registrados na literatura sobre os primórdios da fisiologia na Grécia antiga quando a busca do conhecimento natural era feita por pensadores, porquanto filósofos e médicos (atuando num espectro amplo, incluindo o que conhecemos agora como fisiologia) numa civilização que possivelmente foi a primeira no ocidente a atingir maior expectativa de vida e, portanto, maior contato com seus semelhantes e a natureza.