A Consciência de Zeno é uma profunda investigação sobre os dilemas da subjetividade, da memória e da autopercepção, construída sob a forma de uma falsa autobiografia. Italo Svevo explora, com ironia e sutileza, as contradições de seu protagonista, Zeno Cosini, que, ao relatar sua vida a partir das memórias escritas como parte de uma terapia psicanalítica, revela tanto sua incapacidade de compreender a si mesmo quanto a fragilidade de qualquer tentativa de narrar a verdade interior. A obra dialoga diretamente com as descobertas freudianas de sua época, questionando a linearidade da consciência e o valor das interpretações racionais da vida.
Desde sua publicação, em 1923, A Consciência de Zeno tem sido celebrada como uma das mais importantes expressões do modernismo europeu. Sua construção fragmentária, sua exploração do fluxo de consciência e sua visão irônica sobre a doença, o casamento, o vício e a busca de sentido colocam Svevo ao lado de autores como Joyce e Proust, com quem compartilha a atenção à complexidade psicológica e às contradições do indivíduo moderno.
A relevância duradoura do romance reside em sua capacidade de expor os paradoxos da vida interior e a dificuldade de alcançar uma verdadeira autoconsciência. Ao confrontar a distância entre o que se vive e o que se narra, Svevo oferece ao leitor uma reflexão atemporal sobre a identidade, a autoilusão e a impossibilidade de uma verdade definitiva sobre si mesmo. Nesse sentido, A Consciência de Zeno permanece um marco da literatura do século XX, capaz de iluminar, com humor e melancolia, os enigmas da condição humana.