Nas primeiras décadas do século XX a sociedade capitalista passou por um profundo processo de transformação. Os avanços ocorridos no campo das ciências e das tecnologias modificaram substancialmente as relações de produção e impuseram ao Ocidente e, posteriormente, ao mundo a lógica de uma sociedade de consumo. Essa mudança deveu-se ao surgimento e à afirmação da energia elétrica como o principal combustível dessa nova sociedade. Dois fatores foram responsáveis por essa transformação: a necessidade de viabilizar os investimentos no setor da eletricidade, o que só foi possível com a produção e introdução dos eletrodomésticos no interior dos lares, como também a veiculação desses objetos técnicos nos anúncios presentes nas revistas de variedades. Os anos de 1940 e 1950 representaram um momento pontual no processo de construção de uma sociedade pautada no consumo, ensejando a transformação dos espaços de sociabilidade, em específico, os espaços do lar. A inserção dos eletrodomésticos nos lares imprimiu uma transformação radical nas práticas cotidianas da dona de casa, que pode ser percebida nas narrativas, enquanto texto escrito e imagético, presentes nos anúncios de enceradeiras, liquidificadores, circuladores de ar, refrigeradores, batedeiras, rádios, televisores, entre outros. Ao difundir a ideia de que era necessário modernizar o lar, e de que isso só seria possível ao adquirir uma gama diversificada de aparelhos técnicos, os anúncios de eletrodomésticos introduziram nos lares o signo da velocidade e da modernidade. A pesquisa do Professor Doutor Edgar Souza Santos busca problematizar esse processo de construção da ideia de lar moderno a partir das diferentes narrativas verificadas nos anúncios de eletrodomésticos das revistas de variedades, no Brasil, nos anos de 1940-50.