"Violette Leduc não ameniza nada. A maioria dos escritores, quando confessa sentimentos ruins, retira deles os espinhos por sua própria franqueza. Ela nos obriga a senti-los, nela, em nós, em sua hostilidade candente. Ela permanece cúmplice de seus desejos, rancores, mesquinharias: assim ela assume os nossos e nos liberta da vergonha: ninguém é monstruoso se todos nós o somos."
– Simone de Beauvoir
"Minha certidão de nascimento me fascina. Ou melhor, me revolta. Ou me aborrece. Toda vez que preciso, releio-a do início ao fim e vejo a mim mesma outra vez no longo túnel que reverberou o som da tesoura do obstetra. Eu escuto e estremeço. Os vasos comunicantes que nos faziam ser uma só pessoa quando ela me carregava no ventre foram cortados. Aqui estou eu, nascida num registro de cartório, pelas mãos de um escrivão. Sem nódoas, sem placenta: nascida na escrita, apenas um registro. Quem é essa tal de Violette Leduc? Ela é, no fim das contas, a bisavó de sua bisavó."
– Violette Leduc