capitulo 01 MEU PRIMEIRO DIA DE AULA. Hoje comecei a lembrar de coisas que já vivi e fiquei maravilhado com a memória que Deus me deu. Como coisas de 40 anos atrás são tão claras quando mexemos no baú do tempo. Sempre fui muito tímido, meu primeiro dia aula na escola nossa Senhora do Rosário, ano 1975, (com 9 pra 10 anos de idade) Foi um dia de tormento, pois minha professora Dona Alda Arigony tinha fama de ser muito brava. Lembro que eu muito quieto suava frio. Mas finalmente soou o toque final e voltamos para casa. Eu o Branco e o Juca, meus irmãos, acompanhados de alguns primos e colegas vizinhos. A caminhada em meio a brincadeiras, faziam dos 2 km a percorrer um momento agradável e descontraído, atravessando campos, cortando atalho por um caminho mais perto. Nossa casa era um casebre misto de madeira e paredes de tijolos sentados a barro. Três quartos, sala e cozinha, sem forro e de chão batido, pátio grande com árvores frutíferas, muita sombra, porém sem energia elétrica ou água encanada. A luz era de lampião a querosene ou velas, a água tinha de se buscar no poço, que ficava a um km. Havia uma escala entre Eu e eu meus dois irmãos, mas sempre havia confusão porque um ou outro fazia corpo mole, - Hoje não é meu dia. e a mãe tinha que arbitrar, usando a vara kkk. Lembro do dia em que a mãe conseguiu comprar o primeiro fogão a gás, as comadres da vizinhança lotaram a casa pra conhecer o fogão novo tamanha a raridade. kkkKKKK. Era tardinha já escurecendo quando umas seis, senhoras saíram de nossa casa e descendo uma ladeira ainda em nosso pátio, passavam embaixo de um grande pé de cáqui. A saída da porteira lá em cima estava o Juca, empoleirado como de costume, deu salto e se deteve a frente das senhoras, gritando aiieeeoooo, Tarzan. Foi uma gritaria só, as senhoras assustadas correram pra cerca mesmo, e lembro de ouvir uma tia dizer só podia ser o nego macaco ( 0 Juca era moreno ,cabelos escuros muito lisos e compridos). Vou contar pra comadre dar uma surra nele, pra não andar assustando as pessoas velhas. Algumas perderam até o lenço da cabeça no arrame farpado da cerca, tamanho o susto. E tudo porque em nossa região se contava muita história de assombração kkkk, . Não precisa disser que o Juca ganhou a mata e só voltou pra dormir, quando tudo estava calmo. capítulo 02 A COBRA E A RÃ ( Aos 10 anos) Como disse meu pai era criador de porcos, que serviam parte pra alimentação e parte para venda reforçando a renda familiar. Certa manhã próximo ao meio dia, fui levar lavagem aos porcos, nos chiqueiros que ficavam lá próximo a horta. Está era uma de minhas tarefas, enquanto misturava o farelo, milho e restos de comida para alimentar os porcos. Fiquei arrepiado, quando comecei a ouvir um grunhido desesperado como que um gemido miado, que vinha do chiqueiro. Apesar do susto fui devagarinho me aproximando, pra ver o que era pensei que a leitoa estive deitada em cima de um leitãozinho. Puxei um cepo de madeira e subi pra enxergar dentro do chiqueiro, qual foi minha surpresa, a mais ou menos dois metros e meio do meu campo de visão. em cima de um dos troncos que sustentavam o zinco que cobriam o chiqueiro, estava uma cobra verde de uns 40 cm de cumprimento enrolada de boca aberta, balançando - se lentamente. A sua frente uns 50 cm no mesmo tronco, uma rã inchada gemendo, ou gritando sei lá. Pulava lentamente em direção a cobra contei uns 5 pulos e no sexto ela estava sendo tragada pela cobra, ainda vi seus últimos movimentos desesperados mas já estava sendo engolida inteira. Eu suava frio, saí correndo num impulso e voltei com minha funda empunhada, mas já era tarde apenas vi que a cobra havia desaparecido. Eu suava e tremia como uma vara verde, muito assustado, entrei na cozinha e fui tomar água, meu pai que cozinhava junto ao fogão a lenha e me perguntou: - Que foi está se sentindo mal.